O receio de que o voto secreto pudesse manter Demóstenes Torres (sem partido-GO) no cargo de senador da República não se concretizou. Por 56 votos favoráveis - 19 contra e cinco abstenções -, o ex-democrata perdeu o mandato em uma sessão histórica nesta quarta-feira: foi o segundo político a ser cassado no Senado por quebra de decoro parlamentar. Ele foi o primeiro a deixar o local depois do resultado. Os senadores entenderam que ele usou o mandato para favorecer os negócios do grupo criminoso comandando pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira e recebeu vantagens pelo serviço.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyDA39DrYyKhojCQaWK3hK6lKQ5MiWzJnUOzo6a9Kxp-smh9SR9ST7iXJ8XmIKtXaxuBZwCkBpqsKo3AvovrPSr6cLUsCL9r8JJbgIqh47LtWQLnHYcPN-05G8LMjfku3dXSck8M8BGvSq/s320/DEMOSTENES.jpg)
Até hoje, apenas o senador Luiz Estevão (PMDB-DF) havia sido cassado pelos seus colegas no Senado, no ano 2000, após acusações de desvio de dinheiro das obras do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo. O STJ condenou o empresário de Brasília a 36 anos de prisão pelo superfaturamento das obras. Estevão segue em liberdade enquanto à decisão couber recurso.
O processo contra Demóstenes, julgado nesta quarta-feira, é resultado das apurações do Conselho de Ética, que por três meses colheu provas e depoimentos embasados nas operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal, e decidiu por unanimidade pela cassação do senador. A representação contra ele, proposta pelo Psol, foi aceita após os membros da comissão entenderam que Demóstenes usou sua influência e poder para favorecer Cachoeira.
O parecer então foi encaminhado à Comissão de Constituição e Justiça, a qual Demóstenes inclusive já presidiu, que considerou o pedido de cassação constitucional por avaliar que o parlamentar teve direito à defesa e que o processo obedeceu quesitos de legalidade e constitucionalidade. O político deve voltar agora ao cargo de procurador de Justiça, do qual se licenciou para entrar na vida pública há 11 anos.
Nos últimos dez dias, Demóstenes usou a tribuna para discursar jurando inocência e pedindo a seus pares que não o condenasse. Por repetidas vezes, ele negou, para uma plateia vazia, ter feito lobby para Cachoeira ou recebido dinheiro. A defesa dele também insistiu durante todo o processo que as escutas que flagraram as relações entre Demóstenes e o bicheiro Carlinhos Cachoeira são ilegais e teriam sido alteradas e editadas com a finalidade de atingir o senador.
Nenhum comentário:
Postar um comentário