Análise do Blog – O atual presidente da
ALE é um fato novo na política rondoniense. Só no tempo da ditadura os
parlamentares do MDB eram assim tão duros contra os desmandos do executivo.
Ulisses Guimarães entrou para a história com sua audácia, e aqui, Tomás Correa
era verve crua de promotor contra Teixeirão. Os petistas, contra Sarney, Collor
e FHC imitaram a grita mas depois que chegaram ao poder viraram Zacarias,
ficaram mudos. Em geral. Aliás, a maioria petralha já não está sob a espada de
Dâmocles, mas com a espada da Justiça no fígado e na honra. Calaram tanto que
cabe até a pergunta: “Quem sabe o nome dos atuais deputados do PT na ALE-RO? –
Só os militantes petistas.”
Junto com eles, no país inteiro toda a oposição virou base aliada. Todos têm
um pedacinho do poder e não podem denunciar. Hermínio é uma exceção. Diz-se
satisfeitíssimo com o salário de deputado – nunca ganhei tanto! – diz.
E é ousado, lembra mais Lacerda que o próprio Ulisses, pois não tem freio na
língua.
Isso é bom ou ruim? Ótimo. Porque este é um dos principais papéis do
parlamentar, e até aqui ele ganhou todas, e tacadas macro: contra Roberto
sobrinho, contra a OAB e contra o governo, causando em dezembro a saída das duas
secretárias irmãs do governador.
Mas sua grande cartada atual é contra o próprio chefe do executivo, que acusa
sem qualquer protocolo. E esta é a situação que vai definir se ele entra para a
história como um destemido e independente parlamentar (que a geração atual
sequer entende porque não está mais acostumada com tal postura, tais atitudes
públicas), ou ficará apenas como um tagarela que não pensava pra falar, não
respeitava o “sistema”. Afinal, conceito público é assim: Não adianta acertar
várias tacadas, não pode é perder – nenhuma.
A Notícia: Hermínio faz balanço
de atividades e explica seu trabalho
BALANÇO – Assembleia Legislativa encerra 2012 de forma simples,
democrática e transparente, diz Hermínio Coelho.
O deputado
Hermínio Coelho (PSD) fez hoje uma prestação de contas das ações da Assembleia
Legislativa no decorrer de 2012, destacando que avanços significativos são
registrados, com o fim de escândalos e de denunciada, passou a condição de
fiscalizadora e denunciante. “Temos hoje uma Assembleia simples, democrática e
transparente”, declarou. Ele disse não fazer parte de seu projeto político na
atualidade ser governador, adiantando que sempre na sua trajetória política as
coisas acontecem naturalmente. Hermínio Coelho ressaltou que infelizmente muitos
usam a política para saquear o dinheiro público e quando alguém começa a
denunciar, as conspirações acontecem.
Independente de conspirações, o presidente da Assembleia
Legislativa de Rondônia, deputado Hermínio Coelho afirmou que o combate a
corrupção vai continuar em 2013, e no momento reúne provas para mais denúncias.
Lamentou ele que o Governo Estadual venha enganando a população alardeando uma
falsa queda de arrecadação. “O rombo no Governo é grande, e eles agora ainda
buscam financiamento, agora este dinheiro vai levar muita gente para a cadeia”,
observou.
Neste dia 28 de dezembro de 2012, o presidente da Assembleia
Legislativa, deputado Hermínio Coelho, apresentou um balanço de seu trabalho e
das atividades na Casa de Leis durante o este ano. Segundo ele, merecem destaque
as ações visando moralizar a administração pública e as denúncias que resultaram
no afastamento do prefeito de Porto Velho, Roberto Sobrinho (PT), na prisão de
secretários municipais e até mesmo nas exonerações das irmãs do governador.
ASSEMBLEIA FEZ ECONOMIA
Bem administrada a Assembleia Legislativa conseguiu economizar e
manter seus compromissos com fornecedores, prestadores de serviços, gastos com
pessoal, e reiniciar a construção da futura sede do Poder Legislativo. Com
austeridade e rígido controle de gastos, foi possível até mesmo ajudar outros
poderes.
O parlamentar citou, ainda, que a Assembleia Legislativa cedeu R$
5 milhões de sua própria fatia no Orçamento ao Ministério Público, para que
fosse possível convocar os aprovados no concurso realizado em 2004. Outros R$ 5
milhões foram repassados ao Tribunal de Justiça e R$ 2 milhões foram destinados
a despesas de servidores a Brasília, para pressionar o governo federal a
agilizar a transposição.
Em respeito ao servidor, pela primeira vez a Assembleia
Legislativa pagou pecúnias, que são as gratificações que os servidores
estatutários têm direito a cada cinco anos de trabalho, como determina a lei.
Além disso, prossegue a construção da sede própria da Casa. O salário e o décimo
terceiro dos servidores foi pago em dezembro antes do repasse efetuado pelo
Executivo, porque a Assembleia tinha dinheiro em caixa.
Hermínio Coelho explicou, ainda, que pediu ao Ministério Público e
ao Tribunal de Contas para que acompanhem as obras da sede da Assembleia, porque
o volume de dinheiro gasto é alto. Com o prédio deverão ser gastos entre R$ 47
milhões e R$ 50 milhões e somente com aparelhagem de ar condicionado a despesa
deverá ser de R$ 10 milhões. Ele afirmou que a Casa está agindo com
transparência em relação aos próprios gastos e disse que o Executivo deve seguir
o exemplo.
HISTÓRICO DE HERMÍNIO COELHO
A trajetória política de Hermínio Coelho está ligada a empresas de
ônibus. O presidente da Assembleia Legislativa tem 47 anos e nasceu em Dormentes
(Pernambuco), que era distrito de Petrolina, em pleno sertão. Ele foi para São
Paulo e chegou em Porto Velho no início da década de 90, quando o ex-presidente
Collor confiscou a poupança e com isso inviabilizou investimentos na construção
civil paulista.
O primeiro emprego de Hermínio Coelho foi na viação Porto Velho,
hoje Três Marias. Ele foi contratado como cobrador. Quase foi demitido, porque
não impedia que integrantes de gangues utilizassem os ônibus sem pagar. Ficou no
emprego porque explicou ao gerente que nem a Polícia dava jeito nas gangues,
naquela época e que a sua vida e a do motorista correria risco se enfrentasse os
bandidos.
Com a ameaça de ser demitido, conseguiu ser eleito para a Comissão
Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho (Cipa). Assim, começou a lutar
pelos direitos de trabalhadores, impedindo que ônibus em mal estado continuassem
sendo utilizados. Hermínio conta que na época lhe foi oferecido como suborno o
valor de três ônibus, para que ele fosse embora de Rondônia.
Hermínio não aceitou o suborno e pouco antes de sua estabilidade
na Cipa terminar foi eleito presidente do Sindicato dos Trabalhadores em
Empresas Urbanas de Passageiros do Estado de Rondônia (Sitetuperon). Ele havia
entrado em atrito com a direção da entidade ao tentar impedir um acordo entre
patrões e o sindicato. O acordo acabou acontecendo e os trabalhadores tiveram
perdas salariais.
“Meu primeiro atrito com o Roberto Sobrinho foi quando ele era
secretário do então prefeito José Guedes. Eu puxei uma greve de motoristas e
cobradores e o Sobrinho me pediu para parar a greve, dizendo que eu estava
prejudicando o Guedes. A greve prosseguiu. Não aceito suborno e nem pressão para
prejudicar o trabalhador”, afirmou Hermínio.
No ano 2000 ele se elegeu vereador com 2.634 votos. Foi o mais
votado do PT e o oitavo mais votado naquela legislatura. Em 2002 se elegeu pela
quarta vez presidente do Sitetuperon. Em 2008 se elegeu para o terceiro mandato
como vereador e em 2011chega à Assembleia Legislativa. Em 2012, o ex-operário e
cobrador de ônibus, que tomou sua primeira Coca Cola e comeu o primeiro pão doce
aos dezesseis anos, assume a presidência da Assembleia Legislativa. Neste mesmo
ano, pela primeira vez um deputado rondoniense teve o mandato cassado.
Fonte: Jornal Alto Madeira (Resumo)